Brasil 1625-1645

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Brasil 1625-1645.
Chega á Bahia Francisco Nunes Marinho enviado por Mathias de Albuquerque a tomar o commando do exercito, que não assentava bem em hum Ministro da Religião.–Ao mesmo tempo chega D. Fradique de Toledo d’Eça, Marquez de Valdueza (28 de Março) enviado por Hespanha.–E reunidos os exforços de ambos, sitião a cidade e obrigão o inimigo a capitular. Vandort morreo em hum combate.–Restaurada a Bahia, toma posse do governo geral D. Francisco Rolim de Moura.
1627.
Haynes fôra repellido do Espirito Sancto.–E Patrid, tendo sido mal succedido na conquista d’Africa, volta á Bahia: porém he obrigado a retirar-se; e na volta para a Europa apodera-se dos galeões Hespanhóes que do Mexico ião carregados de riquezas.–Diogo Luiz de Oliveira substitue Rolim de Moura no governo geral do Brasil.
1629.
A Côrte de Madrid, avisada de que os Hollandezes perseverantes na conquista do Brasil levavam suas vistas para a Capitania de Pernambuco, ordena a Mathias de Albuquerque que vá fazer face aos inimigos e repellil-os. Chega elle a Pernambuco com mui diminuta força (19 de Outubro).
1630.
Apparece a esquadra Hollandeza, onde vinha o General inimigo Theodoro Vandemburg.–Occupa este o Recife e Olinda.–Distingue-se João Fernandes Vieira na defeza do forte S. Jorge com só 37 guerreiros contra 4000, até que capitula honrozamente.–Mathias de Albuquerque volta do interior; e depois de fortificar-se, ajudado pelo Indio Camarão, limita-se á defensiva.
1631.
Uma esquadra Hollandeza ao mando de Adrião Patrid chega ao Brasil trazendo soccorros aos de Pernambuco: assim como huma Hespanhóla commandada pelo Almirante D. Antonio Oquendo em auxilio do paiz. As duas esquadras encontrão-se nos mares da Bahia, onde travão formidavel combate. Patrid, obrigado ou a morrer ou a entregar-se, prefere a morte; e envolvido no estandarte da Hollanda lança-se ao mar heroicamente, proferindo estas palavras:–O Oceano he o tumulo digno de hum Almirante Batavo.–Da esquadra Hespanhola he destacado o Conde Bagnolo para Pernambuco; o qual chega ao seu destino e reune-se a Mathias d’Albuquerque.–Julgando os Hollandezes ser muito maior, do que realmente era, o reforço chegado aos Portuguezes, lanção fogo a Olinda, e concentrão-se no Recife (23 de Novembro).
1632.
Tentão os Hollandezes tomar a Parahyba, o Rio Grande do Norte, e outros pontos; não o conseguem.–Porém, felizmente para elles, o pardo Domingos Calabar leva-lhes com sua pessoa a victoria. A ilha de Itamaracá cahe em poder do inimigo.
1633.
Chega a Pernambuco com grandes reforços o General inimigo Lourenço Reimbach, que vem substituir Vandemburg.–Mathias de Albuquerque bate o novo General, que he morto e substituido por Sigismundo de Schopp.
1634.
Sigismundo ajudado pelo infame Calabar, apodera-se da cidade do Natal, e de outras povoações. De sorte que nesta época o inimigo occupava Pernambuco, Parahyba, e Rio Grande do Norte.
1635.
Resolve Mathias de Albuquerque emigrar para o interior de Pernambuco. Ao passar por Porto-Calvo, por hum ardil de Sebastião do Souto, então prisioneiro do inimigo, bate a pequena força que se achava de guarnição, e toma a villa. Porém, depois de arrazar as fortificações e de ter feito executar o traidor Calabar, vendo que no estado em que se achavão as tropas e falto de recursos não podia conservar-se em Pernambuco, emigra para as Alagôas: outros fogem para a Bahia, Rio de Janeiro, e para o interior da propria capitania.–Tendo Mathias sido chamado á Europa, desembarca nas Alagôas (25 de Novembro) D. Luiz di Roxa y Borgia, nomeado General das forças em Pernambuco. Com elle veio tambem o novo Governador Geral Pedro da Silva, que substitue Oliveira, igualmente chamado á Europa.–Borgia parte para Pernambuco, deixando nas Alagoas huma força ás ordens do Conde Bagnolo.
1636.
Morre Borgia em hum combate, e succede-lhe Bagnolo no commando geral das tropas.–Os Hollandezes são muito incommodados pelas correrías do Indio Camarão, e do preto Henrique Dias.–Tem lugar a 2.ª emigração dos habitantes de Pernambuco, conduzida por Camarão: Bagnolo porém conserva-se em Pernambuco.
1637.
Chegão ao Brazil novas tropas Hollandezas ao mando do Principe Mauricio de Nassau (23 de Janeiro). O primeiro intento do novo General foi tomar Porto-Calvo, onde se achava Bagnolo. Renhido combate tem lugar entre 4000 Portuguezes e 10000 Hollandezes, no qual se distinguem Camarão, sua mulher D. Clara, e Henrique Dias. Bagnolo desampára cobardemente Porto-Calvo, e retira-se em direcção ás Alagoas; todos os habitantes o acompanhão, ficando unicamente huma pequena guarnição que se defende heroicamente, até que capitúla o mais honrozamente possivel. Mauricio persegue Bagnolo nas Alagôas, e obriga-o a retirar-se para Sergipe: volta depois a cuidar na colonia. Envia soccorros a Sigismundo para expellir de Sergipe o Conde Bagnolo; o qual, sendo disto avisado, toma o partido de emigrar para a Bahia apezar da repugnancia do Governador Pedro da Silva. Sigismundo ataca e devasta Sergipe.–Ao mesmo tempo os Indios do Ceará convidão Mauricio a apoderar-se desta Provincia expellindo os Portuguezes: elle o aceita e é feliz.–Neste mesmo anno sahe huma esquadrilha de 47 canôas ás ordens de Pedro Teixeira para reconhecer o Amazonas (28 de Outubro). (Já em 1540 havia Orellana descido pelo Amazonas, sendo assim o primeiro Europêu que o navegou).
1638.
Mauricio, tendo sido mal succedido na sua tentativa de conquista dos Ilhéos, resolve-se a pôr em execução o seu projecto de conquistar a Bahia. Com effeito ahi apparece com grande esquadra (14 de Abril). Sitia a cidade; porém soffre perda consideravel no ataque das trincheiras, no qual tambem nós entre outros Officiaes perdemos o famoso Sebastião do Souto, que tantos serviços havia prestado nesta guerra. O Conde Bagnolo, já então na Bahia, bate Mauricio, e obriga-o a retirar-se para Pernambuco.–Neste anno chega a Quito a expedição de Pedro Teixeira e Bento Rodrigues de Oliveira, tendo subido pelo Amazonas e alguns de seus confluentes.
1639.
Em Janeiro chega á Bahia numa grande esquadra Hespanhola destinada a restaurar Pernambuco, e todos os outros pontos do Brazil em poder do inimigo.–Chega a Belém, já de volta de Quito, a expedição de Pedro Teixeira (12 de Dezembro).

1640.

Com grandes exforços e muitos sacrificios consegue-se reunir tropa no Rio Grande do Norte sob os chefes Camarão, Henrique Dias,Barbalho e Vidal; os quaes voão em auxilio da Bahia.–Chega á Bahia e toma posse o novo Governador Geral D. Jorge Mascarenhas, Marquez de Montalvão, condecorado com o titulo de Vice-Rei do Brazil.–Em S. Paulo os Procuradores de todas as Villas e Camaras (por accordo de 13 de Julho) expulsão da Capitania os Jezuitas.–Nova época se prepara para o Brazil. A tyrannia de Olivarez, Ministro do Rei, a de Miguel de Vasconcellos, Vice-Rei de Portugal, e a oppressão em que vivião os povos excitão o desejo de liberdade e independencia. Assassinado Miguel de Vasconcellos em Lisboa, sacode Portugal o jugo ferreo de Hespanha (1.º de Dezembro).–He acclamado Rei o Duque de Bragança D. João IV.
1641.

Chegando ao Brazil tão grata noticia, entra de novo no dominio Portuguez, á excepção do territorio occupado pelos Hollandezes.–O Vice-Rei Montalvão é injustamente preso por suspeito e enviado para Lisboa, onde é mui bem acolhido pelo Rei. Governa o Brazil huma Junta Provisoria, composta de 3 membros.–Conclue-se na Europa huma trégoa de 10 annos entre Portugal e Hollanda; porém, como ella não devia ser publicada senão hum anno depois de ratificada, o Principe Nassau conquista, já durante a trégoa, a ilha de Maranhão e Sergipe.

1642.

Os Hespanhóes desejando conservar S. Vicente á corôa de Hespanha (ou antes, querendo os Vicentistas constituir-se em Estado Independente, como com melhor fundamento opinão alguns Escriptores) tentão acclamar Rei Amador Bueno da Ribeira. Este porém nobre e heroicamente recusa tal offerta; e retirando-se ao Mosteiro dos Benedictinos afim de pôr em segurança sua pessoa consegue acclamar e fazer reconhecer como legitimo soberano D. João IV. Em consequencia S. Vicente manda prestar juramento de fidelidade ao Rei.–Chega ao Brazil o novo Governador Geral Antonio Telles da Silva.–Publica-se a trégoa entre Hollanda e Portugal: cessão as hostilidades no Brazil, e Mauricio cuida unicamente na prosperidade da colonia.
1643.

Á sombra da paz florecia e prosperava rapidamente a colonia Hollandeza sob o governo sabio do Principe Mauricio, quando suspeitas mal fundadas o fazem chamar á Europa. Entrega portanto o governo ao Grão-Conselho do Recife, composto de tres cidadãos; e faz-se á vela para Hollanda (22 de Maio).–A sua ausencia, a fraqueza e má administração do novo Governo trazem a decadencia da colonia, e excitão nos Portuguezes o desejo de liberdade. Antonio Moniz Barreto (ou Barreiros, segundo outros) no Maranhão dá o signal, sacodindo o jugo estrangeiro: o Ceará o imita. Feliz incentivo para os de Pernambuco!
1645.

João Fernandes Vieira trama em Pernambuco huma temivel conspiração contra os invasores. Mas desejando o apoio do governo, participa a sua resolução ao Governador Geral; o qual procedendo prudentemente envia André de Vidal Negreiros afim de examinar o estado das cousas e entender-se com Vieira. Vidal conforma-se em tudo com Vieira e exhorta-o a proseguir em tão gloriosa empreza. Descoberta a conspiração por denuncia que ao Grão-Conselho derão dous conjurados, Vieira corre ás armas abandonando o Recife.–Encontra-se Vieira com as tropas Hollandezas ao mando de Henrique Huss junto ao monte Tabocas (3 de Agosto): o Chefe inimigo é completamente derrotado e obrigado a retirar-se para o Recife.–Chega a Pernambuco huma frota enviada por Telles da Silva sob o commando de Serrão de Paiva; nella vinhão tropas ao mando de Vidal em favor dos insurgentes sob pretexto de os reduzir á ordem. Vidal reune-se a Vieira, ao qual já se havião reunido Camarão e Dias.–Outra esquadra sahida do Rio de Janeiro ás ordens de Salvador Corrêa de Sá reune-se á de Paiva em Pernambuco; porém logo depois se separa.–No entanto huma armada Hollandeza commandada pelo Almirante Cornelio Lichtart destroe em Tamarandé a de Paiva, que é feito prisioneiro.–A revolução lavra por todas as outras possessões Hollandezas no Brazil, e por toda a parte Vieira é reconhecido o chefe della.

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